quarta-feira, 10 de abril de 2013

Vocalista do Keane diz que prefere estar no topo mesmo sendo 'brega'

O Keane tem Richard Hughes, Jesse Quin, Tom Chaplin e Tim Rice-Oxley (Foto: Alex Lake/Divulgação)


Nos últimos 16 anos, o Keane sempre disse ser uma banda "sem medo de ser brega". A definição é de Tom Chaplin, vocalista do grupo britânico, que tocou em São Paulo na última quarta-feira (3). Não precisava ser tão direto: uma vasculhada nos versos do Keane comprova que muitos deles são encharcados com água, açúcar e lágrimas. Do primeiro hit "Somewhere only we know" às canções de "Strangeland", lançado no ano passado, a banda vai direto ao assunto: romances e pequenas variações do tema.
Em entrevista ao G1, Tom Chaplin mantém a coerência. Ele fala sobre sua paixão por Michael Jackson, comenta o fato de o Keane ter lançado seus cinco trabalhos direto no topo das paradas britânicas e relembra o começo da banda, quando tocavam basicamente covers de U2, Radiohead e Blur. 
Leia abaixo os principais trechos da entrevista do Keane cedida ao G1:

G1 - Você disse certa vez que o Keane não tem medo de ser uma banda brega. Já falou também que vocês não têm a necessidade de serem 'cool'. Ainda pensa dessa forma?
Tom Chaplin - Uma das coisas de ser uma banda britânica é que muitas vêm e vão... E aparecem várias para tomar o lugar. Vários grupos fazem sucesso por um ou dois anos, mas daí somem. A moda passa, sabe? Nós nunca tentamos ser uma banda "cool", ou entrar na moda. Nossa tentativa é ter músicas que não são esquecidas com o passar dos anos. É a nossa motivação para continuar. Quero é ser ouvido por todo mundo, não só por quem gosta de hype ou quem é jovem. Queremos durar o máximo possível, mesmo sendo bregas. Não quero ser uma banda da moda. Há coisas mais importantes do que isso. Quero lançar discos e de preferência o mais perto do topo das paradas.

G1 - Sua voz mudou muito desde que você começou a cantar?
Tom Chaplin - Com certeza mudou bastante. Afinal, eu canto desde antes das minhas  primeiras memórias. Eu costumava me gravar cantando na cozinha, quando eu tinha quatro ou cinco anos. Sempre foi algo que eu amei fazer. Quando você é jovem, você não tem ideia do que está fazendo. Quando começamos a banda, mal sabíamos o que era estar em uma banda. Eu não sabia muito bem como cantar. Demora, até você ser um bom cantor. Sempre aprendi com meus ídolos, meus heróis. Mas éramos realmente péssimos no começo! [risos] A gente bem que se esforçava, mas o barulho que fazíamos era horrível.

G1 - Vocês tocavam basicamente covers?
Tom Chaplin - Era a única forma de treinar. Tínhamos algumas canções, todas bem ruins. Quando éramos adolescentes, britpop era a grande novidade. Nosso repertório tinha muito U2, Blur, Radiohead. Nosso lado compositor foi se desenvolvendo quando o Tim [Rice-Oxley, tecladista] passou a escrever músicas pensando na minha voz. Foi aí que tudo aconteceu. As músicas e a minha voz se desenvolveram juntas.

G1 - Sempre que lançaram um disco, ele estreou em primeiro no Reino Unido. Há pressão para manter essa marca?
Tom Chaplin - O fato de isso acontecer sempre que lançamos um disco é algo ótimo para a banda... Várias bandas das quais gostamos possuem músicas que são universais. Ao nos influenciarmos por elas, acabamos chegando a um som também universal. Nossas músicas dizem algo para um monte de pessoas, esteja ela em São Paulo, ou no Rio... Mas quando escrevemos não pensamos em ser um sucesso de vendas.

G1 - Quando alguém queria apresentar a banda, geralmente falavam que o Keane fazia britpop sem guitarras. Depois, vocês passaram a ter guitarra nas músicas. Por que não tinham e por que passaram a ter?
Tom Chaplin - Não tínhamos guitarra no começo, porque não tínhamos guitarrista. Éramos uma "guitar band" antes, muito barulhenta. Tentamos conseguir um contrato com gravadora, mas sem sucesso. O guitarrista saiu para fazer outra coisa. Tentamos continuar sem guitarrista, aumentando a importância do piano... Era o melhor que tínhamos para aquele momento. No terceiro disco, tentamos trazer novos elementos e motivações para a banda. Voltar a ter guitarra foi algo natural, uma mudança.

G1 - Há várias influências para o Keane. Mas como tentar criar algo único para a banda e não uma música que pareça com U2, por exemplo?
Tom Chaplin - O melhor de ter uma banda é poder juntar várias referências. Eu sou um grande fã de Freddie Mercury e Michael Jackson mas tenho certeza que não há tanto deles no Keane. Nossa forma de escrever canções tem mais a ver com John Lennon, um cara único, porque ele pensa a música de uma forma que também pensamos.

G1 - Você sempre cita Michael Jackson. Onde você estava quando ele morreu e como ficou quando soube da morte?
Tom Chaplin - Eu estava em um festival na Suécia. Eu me lembro que foi um choque... Mas ao mesmo tempo não fiquei tão surpreso, porque a vida dele era pouco comum. Era algo que poderia acontecer. Eu, de certa forma, fiquei até aliviado. Porque ele parecia estar sofrendo, mesmo sendo ainda jovem. Não tenho certeza se ele era uma pessoa feliz. Era como se ele vivesse em uma bolha bem estranha. É chato dizer isso, mas me senti mesmo aliviado. Foi um cara tão influente. Ele é o melhor de todos.

Por Braulio LorentzDo G1, em São Paulo

Curta abaixo 'Silenced By The Night', single de estreia do recente álbum Strangeland:


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